quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ALDRAVIAS


A Aldrava Letras e Artes, Associação Cultural sem fins lucrativos, fundada em outubro de 2000, confere o Diploma de Mérito Literário ao escritor LUIZ GONDIM, por ser o 1° Poeta a atender à convocação, para a produção da nova forma poética criada pelos poetas do Movimento Mineiro - O Aldravismo - ALDRAVIA. O escritor produziu 200 aldravias.



ALDRAVIAS
Luiz Gondim

quero
vestir
tua
noite
despindo
censuras


***

fui
letra,
depois
palavra,
agora
oração

***

e
adianta
tentar
consertar
vaso
quebrado?

***

basta
uma
estrela
em
meu
céu

***

e
as
crianças,
por quê
sofrem?

***

como
equilibrar
equações
em
cada
ausência?

***

orvalho
sem
licença
pousa
na
flor

***

pseudo
amor
na
fumaça
se
dilui

***

dúvidas
persistem
em
molduras
da
sensibilidade

***

terminou
hibernação
agora
velas
ao
vento

***

mensagens
geométricas
no
voo
da
gaivota

***
aldravia
voa
longe,
além
do
mar

***

arte
não
se
aprende,
ela
brota




ESCRITOR DR. LUIZ GONDIM - MÉDICO PSIQUIATRA

Livros publicados:
_Silêncio do pássaro –poesia

_ Trevo-Três gerações de poetas –poesia

_Roda de personagens_contos e crônicas

_Escolhidas –poesias


Miniensaios:

_As mulheres na vida e na obra de Eça de Queiroz

_Fernando Pessoa – O enigma

_Mistérios da criação poética

_Singularidades de Eça de Queiroz

_Machado de Assis –O bruxo do Cosme Velho

_Primo Basílio (A histeria de Luísa)

_Catarse de Lima Barreto

_Gibran Kahlil Gibran_O poeta do amor.

_Os Flanadores

_ Nas trilhas de Oscar Wilde


533 prêmios em concursos literários


Trabalhos publicados em 74 Antologias Literárias


Palestrante e Conferencista


Membro titular da UBE, ABRAMES, ANLA, ACCLARJ, SOBRAMES, LISAME, UMEAL, EÇA DE QUEIROZ, FORTE DE COPACABANA., CENTRO LITERÁRIO GIBRAN KHALIL GIBRAN.


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Aldravia – nova forma, nova poesia

J. B. Donadon-Leal

A arte da poesia, desde a antiguidade, já experimentou muitas formas. Sempre ela esteve certificada pela grandeza com que a arte encanta olhos e ouvidos. Ela consagrou nomes e eternizou formas, além de ter revelado muitas faces ocultas das paixões pela vida. Não é à toa que a poesia é tida por muitos como a mais nobre entre todas as artes.

Das narrativas longas da antiguidade, passando pela condensação dos sonetos do advento da era moderna ou pela síntese do haicai do oriente do Séc. XXVII, a poesia experimentou extremos: muitas palavras para muitos conteúdos ou muitos conteúdos em poucas palavras. De qualquer forma, a poesia presta-se para a incubação de novidades à linguagem e, ao mesmo tempo, para o culto às memoráveis celebrações ao passado.

Em novembro do ano de 2000, com o lançamento do Jornal Aldrava Cultural, os poetas aldravistas, empreendedores do movimento que nascia em Mariana, Minas Gerais, a partir daí, consignaram um propósito de em 10 anos apresentarem à sociedade um projeto cultural que apontasse caminhos para a celebração das coisas e dos sujeitos produtores das artes.

O primeiro legado dos aldravistas foi a ideia de organização do mundo artístico, seja para produzi-lo, seja para compreendê-lo, a partir do conceito de metonímia: porções constitutivas das coisas podem representá-las, muito bem, no mundo das significações. Essa percepção abre espaço para o enfrentamento à concepção prepotente das metáforas que trazem consigo arroubos de substituições totalitárias Ao mesmo tempo, a poesia metonímica busca demonstrar que a poeticidade pode estar na simplicidade. A leitura da poesia não pode ser uma tortura em busca de significações. Sentidos têm que saltar da forma poética com a facilidade com que se captam os significados na fala cotidiana. Tortura não combina com poesia. A única dor tolerável na poesia é a do prazer.

Sabendo ser parte de um todo que se diz nessa parte, para que se querer todo sempre que alguma parcela desse todo se faz necessária na construção de algum projeto temático? Cada parte de um todo se joga num conjunto discreto que se deixa escolher em cada investida produtiva de significação. Esse é o espírito da enciclopédia, que se revelou integralmente no complexo mundo wiki, hipertextual e em cadeia com escolhas e escolhas de novas metonímias que se alimentam dessas escolhas.

O que o espírito wiki realiza é exatamente o que o espírito da poesia já revela há milênios: o mínimo de palavras para a abertura do máximo de possibilidades significativas, plagiando Pound em sua reflexão sobre a arte da poesia.

Ao lado disso, a partir de reflexões sobre os destinos da poesia, os aldravistas liderados por Gabriel Bicalho buscaram observar a poesia que enceta para a síntese nos poemas curtos, nas trovas, nos haicais. Essa característica de observador da síntese vai ao encontro da hipótese poundiana de poesia. Mas, seriam, de fato, essas formas poéticas as mais sintéticas? Representariam elas, de fato, as metonímias perseguidas pelos aldravistas?

A ideia de flash, de fotografia ou de uma porção de algo parece contemplada nessas formas poéticas. Elas demonstram também outro aspecto do aldravismo – a livre escolha de formas de poesia.

Aí outro aspecto do espírito do poeta evidencia-se: a inquietação. Essa inquietação faz do poeta um ser que está sempre em busca de algo a mais, do ponto extra, da falta, do que ainda não foi visto. Mais uma vez os aldravistas se valem do legado de Pound em seus ensaios literários de 1934, para concretizarem o paideuma: “a organização do pensamento de modo que o próximo homem ou geração possa achar, o mais rapidamente possível, a parte viva dele e gastar o mínimo de tempo com questões obsoletas”.

Que novidade os aldravistas poderiam deixar para as gerações futuras? Além da vasta produção já obtida nesses dez anos de estrada, além da promoção de talentos e de investimento na criatividade infantil, os poetas aldravistas poderiam apresentar uma nova forma poética. Não fazia parte do empreendimento inicial, pois é possível brincar com a liberdade utilizando-se das formas poéticas consagradas. O grande investimento aldravista é no conteúdo metonímico – pouco importa a forma. A forma é apenas textual, é apenas envelope dentro do qual os discursos se depositam em sua fecundidade ilimitada, disponíveis aos olhares de espectadores que alcançam alguma porção discursiva a partir da qual expande sua compreensão e interpretação.

Mas, que tal uma nova forma. Eis que do permanente congresso do movimento aldravista de artes, do qual participam ativamente Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, eu e J. S. Ferreira, surgiu uma nova forma de poesia: a aldravia, nome sugerido por Andreia Donadon Leal a uma forma elaborada por Gabriel Bicalho, com base na concepção de encontro com os sentidos na possibilidade real de se ter o máximo de poesia no mínimo de palavras.

Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem saída. Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia – aldravia. O Poema é constituído numa linométrica de até 06 (seis) palavras-verso. Assim, tem-se uma nova forma, mas não uma “fôrma”, como a trova, o haicai, o soneto.

Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.

Esta edição do Jornal Aldrava Cultural apresenta ao público a aldravia:

Andreia Donadon Leal:

salto

de

cova

nascimento

do

artista

~~~~~~~~~~

Gabriel Bicalho:

não

fazer

poesia

de

alma

vazia

~~~~~~~~~~

J. B. Donadon-Leal:

minhas

porções

diárias

metonímias

de

mim

~~~~~~~~~~

J S Ferreira:

sigo

cigano

em

busca

da

poesia



O movimento aldravista de arte chega maduro aos seus dez anos de existência, pronto para apresentar nova forma poética ao conteúdo metonímico já experimentado nas formas canônicas de versejar. Poesia tem que ter poeticidade na simplicidade, conteúdo na síntese e porta aberta às interpretações.

Poesia é germinação, por isso não precisa pretender-se à completude em longas narrativas, pois

curta

poesia

do

verbo

pólen

via










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