NOME DO PATRONO: Ignácio Pitter – Pedro Inácio de Oliveira
Nascido em 02 de Junho de 1953 no distrito de Almeidas, município de Jaboticatubas (MG), e registrado no então distrito sanjoanense de Santa Rita do Rio Abaixo, hoje município de Ritápolis (MG). Aos seis anos mudou-se com a família para São João del Rei, onde iniciou os estudos e travou os primeiros contatos com a efervescente cultura local, apaixonando-se definitivamente pela literatura, música e cinema.
Órfão de pai aos oito anos, foi catador de esterco, locutor de programas de calouros mirins, garçom, calandreiro numa fábrica de tecidos (e almoxarife em outra...), soldado e cabo do Exército, operário numa indústria laminadora de madeiras no Rio de Janeiro, missionário leigo na Amazônia, integrante de grupos de jovens, radialista, artista de circo, músico, metalúrgico na Usiminas, dono de cantina e vendedor de carnês funerários.
Mudou-se para Ipatinga em dezembro de 1974, onde casou-se com a pedagoga e orientadora educacional Maria Alice de Oliveira e Resende, com quem teve os filhos Anelise, Andresa – que lhe deu as netas Thaísa e Luísa – e Francisco.
Trabalhou em emissoras de rádio e em jornais em São João Del Rei, Vitória, Belo Horizonte e Ipatinga. Durante muitos anos exerceu a atividade de assessor de imprensa em entidades classistas, sindicais e prefeituras. Atualmente, é editor assistente do jornal Diário do Aço, em Ipatinga, Região Metropolitana do Vale do Aço, onde publica uma crônica todas as quartas-feiras.
Tomou posse na Academia de Letras de Ipatinga – cadeira nº 17 – em 1984, da qual é o atual presidente. Integrou a Associação Pró Cultura de Ipatinga (Aproc) e é diretor do Clube dos Escritores de Ipatinga (Clesi) e Membro Honorário do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - MG. Premiado em concursos de contos e poesias. Em 1986, foi um dos vencedores do concurso Literatura e Trabalho, promovido pelo Ministério do Trabalho, em Brasília. Tem dois livros de contos publicados – Papo de Peão e A Morte Oval – e um livro de poesias – Aquilo que não se diz... – em fase de edição, e participação em três antologias literárias.
Sua paixão? A cultura, o pão da alma e o fermento da vida.
PAINEL EM VERMELHO
Nivaldo Resende
Vermelha era a cabeça
Assim como é vermelho o sangue que nos cobre
De pelejas longas e lentas
Lerdas, como lerdo é o pensamento,
Seco, mero, frágil momento
Vermelho, que vermelho é mesmo este tormento.
Vermelhas eram as mãos,
Mãos cansadas, de vermelho recobertas,
Que o sangue incerto é fraco
Se fracos são os pensamentos,
Duro, selvagem, áspero lamento
Vermelho, como é vermelho este rebento.
Vermelhas eram as roupas
Que de mais vermelho se manchavam,
Ou pode haver encantamento neste sangue
Que corre entre meus dedos,
Quente, forte, grosso sangue.
Vermelho, espesso é o corrimento.
Vermelhos eram os olhos
Que estriados se faziam, cada instante
Era mais forte o tal desejo
De soltar-se nos caminhos,
Estreitos, sujos, sórdidos caminhos
Vermelhos, como podem ser vermelhos tais caminhos.
Vermelhas eram as palavras
Que eu cansado proferia, nem sabia talvez
Que elas se perdiam onde eu ia.
E me partia, dividia e repartia,
Cansado, cansado, cansado e sozinho,
Vermelha, também era vermelha a solidão...
***
CRÔNICA PUBLICADA
Meu coração está pleno de alegria. E não é para menos. Afinal, fui convidado a tomar posse como um dos mais novos membros da Academia de Letras do Brasil, que tem uma subsede na histórica Mariana de Alphonsus de Guimaraens Filho, Manoel da Costa Athayde, Pedro Aleixo, Fernando Morais e Silvinha Araújo. Esse convite é uma enorme honraria pessoal, pois irei fazer companhia a literatos do porte dos aldravistas Gabriel Bicalho, Sebastião Ferreira, J. B. e Andréia Donadon Leal, e somar esforços com outras duas ipatinguenses de coração que lá já estão, Marília Siqueira Lacerda e minha comadre Nena de Castro.
Mariana guarda, no meu ideário e em minhas memórias, a mesma importância da minha amada São João del Rei. Ambas respiram história, ambas geraram importantes nomes da história nacional, ambas fervilham cultura.
Mas vejo esse convite também como uma honraria para Ipatinga, cidade que adotei e escolhi para viver há 36 anos, onde plantei os umbigos dos meus filhos e construí grande parte de minha história pessoal. Quando, em 1984, assumi a cadeira de nº 17 da Academia de Letras de Ipatinga, entidade da qual sou o atual presidente, não imaginei que fosse tão longe.
Mas após dois livros de contos publicados, após participar de antologias literárias, após ganhar concursos de literatura, entre eles o Prêmio Nacional Literatura e Trabalho, juntamente com os também ipatinguenses Carlos Alberto Prais, Antônio Duque Pinto, Catulino e Daniel Mendes Peixoto, não é disso o que mais me orgulho.
Do que eu me orgulho mesmo, e muito, é do meu compromisso com a cultura e o conhecimento, é com o prazer de gostar de ler e escrever, mas fazer isso da forma o mais correta possível, respeitando e cultivando todas as regras da língua pátria. Por isso não me nego a participar de eventos litero-culturais, a fazer palestras em escolas para pessoas de todas as idades e níveis, por isso busco incentivar os novos escritores, por isso participo de comissões julgadoras em concursos de contos e poesias do Clube dos Escritores de Ipatinga, do qual também orgulhosamente faço parte.
Faço muita questão de falar desse orgulho que sinto em ser um jornalista e escritor, cronista, poeta e contista. Afinal, ao longo destes últimos anos, ouvi de muitas pessoas que se consideravam muito “inteligentes” observações depreciativas sobre a minha intelectualidade. Houve até mesmo uma ocasião quando, ao convidar determinada pessoa para fazer parte da Academia de Letras de Ipatinga, ouvi dela a resposta de que “não se interessava em fazer parte de entidades mofadas...”.
Esses que desmerecem e desvalorizam a cultura são, grosso modo, os mesmos que desmerecem o amor e toda a emoção que dele advém. E eu confesso, sou movido pela emoção. Os livros de Maupassant, Kant, Marcuse, T. S. Elliot, Agatha Christie, Manoel de Barros, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto e outros, me emocionam tanto quanto uma tela de Gauguin, os versos de Mário Quintana, a beleza inocente de uma criança, ou uma bela mulher, ou uma rosa vermelha e um cravo branco.
Meu corpo físico não é imortal. O de ninguém é... Mas a minha obra, aquilo que de bom eu fizer aqui na terra, esta sim, ficará como um legado para os meus descendentes e amigos. Neste sentido, como integrante da Academia de Letras de Ipatinga e, a partir do dia 27 de fevereiro próximo, da Academia de Letras do Brasil, eu sou imortal, sim, e com muito orgulho.
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